Contar uma história compartilhando suas experiências é um modo eficaz de envolver o outro e atrair seu olhar. Grandes autores usam essa fórmula há séculos, criam suas narrativas com elementos comuns, mas que incitam a curiosidade do púbico pelo seu desfecho. E é o tamanho dessa curiosidade que definirá o sucesso da história.
Ao longo do tempo, o modo de contar uma história passou, não só da forma oral para a escrita, como ganhou características peculiares. Para mostrar como essas narrativas são categorizadas e nos ensinar a empregá-las num roteiro, foi que Paula Lobato e Pedro Salomão apresentaram a palestra Estrutura do Roteiro para uma Série de TV, no dia 11 de fevereiro.
Paula e Pedro preferiram classificar a palestra como um papo sobre roteiro e drama, mas nós reconhecemos a excelência dessa aula, que tratou desde as narrativas primordiais passando pelos contos de fadas, romances de folhetim até as séries, novelas e Sitcons exibidas atualmente. Eles são sócios numa empresa chamada Roteiraria e mantêm o @tramoide, um twitter criado para dar dicas de roteiro.
Num breve resumo do desenvolvimento das narrativas, desde aquelas transmitidas oralmente, antes do surgimento da escrita até as atuais exibidas no cinema e na TV, podemos concluir que toda história é construída com certa estruturação dramática.
Christopher Vogler em seu livro A Jornada do Escritor encadeia doze passos que fundamentam a jornada do herói: mundo comum, chamado à aventura, recusa do chamado, encontro com o mentor, travessia do primeiro limiar, testes aliados e inimigos, aproximação da caverna oculta, provação suprema, a recompensa, o caminho de volta, ressurreição e retorno com o elixir. E esses passos só vão aumentando. Geoges Polti descreve 36 situações dramáticas e Etienne Souriau, por sua vez, afirma que há duzentas mil agrupadas, com seis situações dramáticas básicas.
Definitivamente não há limites para a imaginação humana, considerando que todas essas situações são feitas com o propósito de criar a empatia com o público, fazendo com que esse herói tenha algo que nos faça olhar mais para ele do que para os outros. A mesma fórmula é utilizada nos roteiros atuais, com um ou mais heróis contendo elementos que atraem nossa atenção.
Criar uma história exige método, envolver o público requer sensibilidade, prolongar os episódios, sagacidade. Paula explicou que não temos que ser apegadas ao que escrevemos, que é normal pensar, repensar, escrever e reescrever seu roteiro e é imprescindível acompanhar sua montagem de forma linear. Saímos dessa aula pensando em como escrever sobre questões femininas com as qual nos deparamos diariamente de forma interessante para todos os espectadores.